domingo, 26 de janeiro de 2014

Desafio #4

                                                          Rui Alves - Janeiro 2014



Está lançada a imagem do desafio número 4 !!!! Isto está a ficar cada vez mais interessante, a imagem deste desafio foi escolhida pelo Rui Alves, e a imagem é da própria autoria...  bem interessante... bora lá criativos, vamos dar asas à imaginação .


Para participarem, basta enviarem o texto para o e-mail que aparece nos contactos, ou então deixarem em forma de comentário que assim que vir ponho em forma de texto .

Eles serão publicados à medida que os for recebendo, está aberto a toda a gente, participem , divirtam-se e divulguem .





6 comentários:

  1. O EXORCISMO

    Espero que haveis trazido tudo o que precisais,
    Que nada tenha ficado esquecido...
    Essa loucura que tanto estimais,
    A amigo e o inimigo,
    Todos os que vós amais…
    A manhã, a noite, a luz, a sombra e o sonho perdido,
    Dias, meses, e anos que nunca serão demais

    Trazei as estradas, ruelas e caminhos
    Palavras, frases, contos, e histórias
    O álbum de fotografias e todas as memórias,
    Dúvidas, certezas e antagonismos,
    As alegrias, as desilusões e fatalismos…

    Trazei tudo o que precisais,
    Trazei tudo o que falta puder fazer,
    Ideias, preocupações, imaginação e ideais
    Trazei todo o vosso saber,
    E tudo o que em acreditais,
    Trazei tudo o que podeis trazer,
    Há muitos espaços por preencher

    Trazei o ódio, a indiferença e o amor,
    O passado, presente e futuro,
    Trazei a angústia e a raiva em todo o seu esplendor,
    Pois tudo se mistura no escuro,
    E tudo perde a sua cor,
    Tudo se torna obscuro,
    O Um perde o seu fulgor,
    E do Todo nascerá um novo alvor.

    Vinde e trazei o sol, a chuva e o vento,
    Trazei a terra, o céu e o mar,
    Trazei o brilho que vos dá alento,
    Trazei a fé que vos faz respirar
    Não deixai que passe o momento,
    Não deixai o tempo expirar
    Pois não podeis vencer a luta contra o tempo...

    Trazei a vida, trazei a morte,
    Aqui nada importa e tudo se eterniza,
    Trazei o risco, o azar e a sorte,
    A vitória é relativa,
    E a derrota exorcisa,
    Trazei uma mente limpa e forte,
    Para poder ser o vosso verdadeiro suporte...

    Vinde gritar de viva voz,
    Percorrer caminhos que ninguém pode ver,
    Vinde sentir o que não se pode sentir
    Nestas paredes as ideias terão no eco a sua foz,
    Uma maré impossível de conter,
    Uma melodia impossível de não ouvir,
    Uma corrente impossível de resistir…

    Vê-de como o fumo se esvai no ar,
    Como ele toda a raiva tem um fim
    E em cada fim há um novo começar
    Como flores que crescem num jardim,
    Nenhuma dor é criada para durar
    E as próprias flores irão murchar
    E novas nascerão no seu lugar...

    E o grito esmorece,
    Enfraquecido e lentamente esquecido,
    Perdido, padecido, introvertido...
    Um tímido uivo que já ninguém reconhece...

    Não trazei juízos de valor,
    Vinde se vindes por bem...
    Que aqui não haverá juízos também,
    Encontrareis um mundo desprovido de dor
    Um horizonte mais além…
    Uma história onde podereis ser o narrador,

    Deixai lá fora o mundo da tormenta,
    Soltai-vos das amarras que vos prendem,
    Matai o exército de fantasmas que vos desorienta,
    Os obstáculos que vos deprimem
    O mundo dos que desistem

    Vinde e deixai para trás a saudade,
    Vinde cheio de vontade,
    Vinde sem maldade
    Vinde sem vaidade
    Vinde encontrar a liberdade...

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  2. CIGARRO


    Abraçaste-me e beijaste-me,
    Inspiraste-me para dentro de ti,
    E eu passeei. Passeei para te conhecer.
    Se calhar até conheci sítios dentro de ti que nunca ousaste tocar.

    Fui alívio...
    Fui a bengala dos teus momentos:
    Os de solidão;
    Os de tristeza;
    Os de alegria e de borga...
    Fui tua porque sim.

    Mas fui vício,
    E estraguei-te...
    Corrui-te a pele quando entrei dentro de ti,
    Tirei-te o fôlego, cansei-te demais!
    Mas permaneci.

    Mas e tu? Que me fizeste tu?
    Não foi de minha livre vontade entrar assim,
    Tu quiseste que eu aí ficasse,
    Continuaste a sugar-me para o teu Mundo
    E transformaste-me em cinzas,
    Fumo!,
    Um filtro do que não te convinha.

    Mas esse filtro,
    Esse tomou conta de ti,
    E mais do que alguma vez pensaste,
    Protegi-te...
    Nesse filtro não passaram as cinzas!

    Porém, por engano meu,
    Matei-te com o fumo que deixei passar.
    O fumo...
    Esse leve e inocente esvoaçante ninguém...
    Afinal também matava.

    Agora duro tanto quanto a velocidade de uma pisadela,
    E permaneço num cinzeiro ao lado de todos os outros que não ressentiste matar.
    Sou o cheiro desagradável que migra no teu inconsciente,
    Sou a marca que deixaste em ti próprio,
    Sou a pele cansada...
    E nem com mil anos de perdão!,
    Farei sempre parte do teu sangue,
    Sou o veneno que te acompanha deste “infruto” pecado.

    ...

    Deixei que me fumasses e acabou.
    Oxalá me reciclem,
    Ainda sonho ser outro alguém.

    Nas tuas mãos...?
    Fui apenas um cigarro.
    E antes tivesse sido somente um vício...


    Catarina Sá

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  3. Eram seis da tarde, o sol já se estava a pôr, tava a chover, tinha pegado num cigarro para relaxar ao som das trovoadas, pois aquilo era som para o meus ouvidos... Enquanto chovia eu me lembrava das vinganças que tinha feito aos meus amantes, lembrava-me como tinha escapado da policia... Enquanto me lembrava disso, olhava para a faca com punho prateado e dourado e com a lamina afiada.. Ainda sentia os espiritos deles a atormentarem-me, ainda sentia os empurrões deles, ainda sentia os gritos de dor... Ao lembrar-me disso ri-me pois eles eram mais inufencivos que borboletas.

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  4. A solidão instala-se na noite, percorrendo caminhos sombrios e desconhecidos. Ouvem-se vozes ao longe, uma multidão cega e surda invade a alma e suga o sangue da vaidade da vida. As horas passam, o amanhã já é dia. Acendo mais um cigarro e espero sem medo por mim.

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  5. Deixem-me...
    Só gostava que me deixassem ser. Eu sou, quando me encosto no meu canto, quando oiço a minha música, quando leio o meu livro.
    Farto-me de pessoas, farto-me de personalidades diferentes, e farto-me de tentar compreender e até moldar-me às diversas pessoas que pelo meu caminho correm, farto-me de ser o que não sou!
    Chega de estar com todos vós, que eu quero é estar sozinha, o que eu quero é puder chegar ao pé de mim, conhecer-me, desfrutar dos meus pensamentos bons, sem guardar rancor. Quem não aprecia um acordar fantástico, numa manhã solarenga? e quem não aprecia ir passear o cão na praia, relaxada e sentar a ler um livro? Ou até mesmo acordar ao meio dia, e ligar a televisão para ver algo para distrair, almoçar as cinco da tarde, e sair para ir beber café com uma amiga? pois quem sabe assim eu não me encontrava mais depressa.
    Agora, acordar e entrar nesta rumba de gente falsa, mesquinha, mal cheirosa, com sotaques e expressões esquisitas, cheias de "não me toques" e com a clara sensação de que sabem o que estão a fazer , mas no fundo estão tão inseguras, que tem de espelhar toda essa brutidão de incapacidade a quem os rodeia. Estou cansada. Acho que estamos todos! Basta de ser-mos o que não somos.
    É o barulho ensurdecedor das maquinas, os cheiros horrendos de perfumes cheios de quimicos, as chuvas avassaladoras, a ausência de sol, a ausência de pessoas interessantes no dia a dia, a falta de nós mesmos.

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  6. Quando fumo um cigarro é a vida que fumo. A minha própria vida. Sugo-lhe tudo o que tenho, sugo-me a mim mesma, tudo o que sou e todos os meus vícios. Como este, o vício de sugar o próprio vício…
    O tempo continua a roda, mas as horas não são nítidas, há muito fumo nesta vida, estou perdida no tempo, estou perdida no espaço… Porque tudo isto é um vício, um vício que já não sei se o sugo ou se me suga ele a mim.
    Da janela miro a cidade. É esse o problema: sentir que ela não me mira a mim. Está-se nas tintas e eu fumo! E eu fumo-me… E fumo-os a todos, os meus vícios…. Que me matam os por dentro, mas que por eles eu vivo.

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