domingo, 26 de janeiro de 2014

Desafio #4

                                                          Rui Alves - Janeiro 2014



Está lançada a imagem do desafio número 4 !!!! Isto está a ficar cada vez mais interessante, a imagem deste desafio foi escolhida pelo Rui Alves, e a imagem é da própria autoria...  bem interessante... bora lá criativos, vamos dar asas à imaginação .


Para participarem, basta enviarem o texto para o e-mail que aparece nos contactos, ou então deixarem em forma de comentário que assim que vir ponho em forma de texto .

Eles serão publicados à medida que os for recebendo, está aberto a toda a gente, participem , divirtam-se e divulguem .





sábado, 18 de janeiro de 2014

sábado, 11 de janeiro de 2014

Desafio # 3



Magritte - Les amants




1º texto
 "Ele puxou-a.

E um corpo puxado
É alma que se entrega,
Espírito que se rega.

Envolveu-a nos braços.

E um corpo envolvido,
Envolvido e puxado
É consciência cega.

Só se têm.
Não se veem.
Dois corpos nus que se anteveem.

Consciência cega,
Beijo aproximado.
Corpo que se apega,
Rosto embaciado.

Não se veem.
Só se têm.

Só se sentem.
Não se detêm.
Enquanto se contêm.

E beijam…
A lucidez da escuridão de quem os fez.

O rosto mais escondido é aquele que não se mostra
Mas o corpo mais sentido é aquele que em ti se enrosca."


Cátia Coelho





2º texto


Porque precisas de te esconder?
Escondida não te posso amar,
Não posso amar o que não posso ver,
Não posso amar quem não posso tocar…

Esconder não é viver,
Esconder não é amar,
Esconder é fugir,
Esconder é temer,
Escondido não se pode sonhar,
Escondido não se pode sentir...

O teu mundo não pode ser o meu,
Um mundo repleto de inveja e dor...
O mundo assim é assustador…
Mas o meu mundo pode ser o teu…
Um mundo cheio de cor,
Um mundo cheio de amor…

Este é o meu escudo, o meu lar,
E aqui não entra ninguém!
Aqui ninguém me pode magoar!
Somente a quem vem por bem
Eu baixo as defesas e deixo entrar
E de mim não sentirá senão amor também…

Despede-te do mundo exterior,
Despoja-te do veneno e junta-te a mim,
Descobre a força que vive no teu interior,
E o amor vencerá enfim…

Nada nesse mundo é verdade,
Nem tudo o que reluz é ouro,
Nem tudo o que parece realmente o vai ser
Esse mundo não deixa saudade
Façamos do amor o maior tesouro
Mesmo que ninguém nos possa ver...

Rui Alves




3º Texto

Despi-me. Vesti-me. Despi-me. Vesti-me. 
Despi-me do preconceito e vesti-me com aquele que seria o beijo fatal, o beijo da traição, o beijo da vergonha, mas por dentro da alma soava como a perfeição.
Perfeição, oh perfeição
O prazer malicioso de fazer algo que não está certo, que não voltará a acontecer, mas que com certeza a minha boca, a minha alma e o meu corpo voltará a procurar. Com certeza que sim, o furtivo é vida e a vida é furtuita.
Tira o lençol que te embaraça
Mostra, dá um sinal da tua graça,
Mostra a vergonha …..
Que por ela passa
Trai sem pudor, pois só assim serás tu mesma, sem precisares de lençol, sem precisares de te esconder. Finalmente podes deixar de ser fantasma, não te anules. Nós fomos feitos para tirar prazer do mal que instigamos a nós próprios. Investimos durante anos na moral que nos condiciona os atos, para no fim aproveitar-mos com malicia e a desconstruir-mos. Se as leis foram feitas para quebrar, , a moral foi feita para queimar, assim como queima o meu coração cada vez que te vejo em segredo, como bem me sabe o perigo e a incerteza de uma repetição. Oh delicia. 8.01.2014


Andrea de Albuquerque




4º Texto


 Bem que o mundo nos ensino

Nem tudo dura para sempre
O tempo é sempre tempo
Mas o nosso tempo, assim não o era
E assim não o foi

Erramos porque errar é viver
Errar é brincar com o tempo
Ele vem, sopra ao ouvido
Mas nós não o queremos
Não o ouvimos

Mas logo
Cada um, à vez
Caiu no erro de vir ao chamado do outro
De procurar quando já não era procurado
Um erro…
O tempo entrou em nós

O que era leve
Tornou-se um lençol duro
Uma enorme folha de estanho
Que de terrível passagem
Sugou aquilo que era nosso.

Agora 
Os perfis continuam a sê-lo
Mas o toque, de tão gélido 
Transforma-nos em pedras
Sem calor, sem toque, apenas pedras
Pedras, que ainda hoje somos
A história de nós dois.


Elias Nunes






Desafio #2

Ken-Wong - Mistaken Identify
1º Texto

"Ela sabia-o

Era a menina mais linda do mundo
Olhos cor verde-esmeralda
De certo a pincelada última
Equilibrava uma muito ligeira dissimetria no seu rosto 

Estes assim conhecidos
“Os espelhos da alma”
Assim não eram os da menina mais linda do mundo.
Que também de medusa eram
Baços, sem brilho, sem espelho.

Olhos faltosos
Sem lição aprendida
Olhar para fora, olhar o lá, olhar para lá
Assim não eram os da menina mais linda do mundo. 

De pouco ou nada espelhados
Prolongamentos eram da sua pouca astúcia no mundo
E tão grande amor-próprio
Namorada de Narciso pois
Só via beleza nela. 

Própria dela própria
Ela, ela
Ela assim achava e vivia
de olhos fechados para mundo.

Houve porém um dia
Acordada de olhos fechados 
Oferta amarga dos deuses irritados 
Um aquário embutido na sua angelical cabeça

Condenada a ver apenas aquilo que seus olhos já sabiam
Eram apagados e para sempre escondidos
Nas cortinas da alma que nunca chegou a abrir

Voltada para si
Para todo o sempre
Sozinha de humanos
Vivia agora com seis ou mais peixes
Que de olhos feios e esbugalhados
No intervalo da sua pouca memória
Devolviam à menina mais bonita do mundo
Aquilo que nunca conseguiu ver."

Elias Nunes





2º texto 


 "A rapariga trajava aquele vestido laranja, usado e gasto, o mesmo que tantas vezes vestia, talvez mais vezes do que se usava a si mesma. Sentava-se num local que ela não reconhecia, então nada do que via parecia compenetrar-se no seu cérebro, todo o espaço era azul, escuro, como se tivesse no vazio do universo. 
Só se conseguia concentrar na sua espera, uma espera que mais parecia uma corrida contra o tempo, embora estivesse parada, não se conseguia mexer, mas os seus pensamentos inquietavam-na. Mergulhou neles, ou eles mergulharam-se nela, na sua cabeça, como um aquário, um aquário sem água, vazio como as suas certezas sobre aquela espera. Viria? Quando? Como? Não viria? Porquê? Viria? Não Viria? Dúvidas que começaram a andar à roda, como peixes aflitos num aquário vazio, dúvidas que coloriu da mesma cor do que trazia vestido, porque o que trazia vestido era aquilo a que estava habituada, aquilo que sabia estar certo.
Fechou os olhos, sentiu o vento nos seus cabelos, que mais parecia causado pela volta frenética das suas dúvidas, que continuavam a nadar no seu vazio, e que continuariam enquanto aquela espera durasse… E a espera durou. Viria? Os seus lábios desenharam a desilusão daquela espera… Não viria? E a espera durou…"

Cátia Coelho




3º texto

" Metade peixe metade menina, Merluza vivia no sonho de encontrar a sua outra metade, mais que a metade alguém que a compreende-se . Viajou , viajou e viajou, conheceu marujos, piratas, comandantes, polvos e lulas gigantes. Mas nenhum, nenhum deles conseguiu entende-la, e muito menos preenche-la. 
Era complicado para ela abrir o seu coração. 
Decidiu não procurar mais, apenas viajar, e aprender que mesmo não encontrando a sua metade, todos lhe tinham algo e dar e ela a eles. 
E isso era o mais importante e precioso, levar com ela um pouco de toda a gente e absorver o que de melhor eles tinham para dar. 
Num dia enquanto passeava num parque numa das terras para onde viajara , Merluza decidiu parar junto de um lago e apreciá-lo. Mirou o seu retrato tremido pelas ondulações resultantes do dançar dos peixes. Continuo a olhar intensamente até que do outro lado conseguiu perceber a forma de um peixe, estagnado ali , também a admirá-la.
Apôs uma pausa em que ambos se aperceberam da existência um do outro, a carpa decidiu exibir o seu laranja dourado saltando para fora da água, fez uma pirueta dançante e voltou a cair no manto de água esverdeada. 
Intrigada e maravilhada ao mesmo tempo Merluza sentiu seu coração bater tão depressa que achava que este lhe ia saltar do peito. Foi assim que a menina peixe soube que finalmente tivera encontrado sua outra parte. Durante 5 dias aproveitou aquele lago , e absorveu o que de melhor ele tinha para dar, e finalmente feliz pois o que tinha acabado de absorver era o que realmente lhe fazia falta.
Sentindo-se afortunada com a viagem, voltou á sua terra, onde viveu feliz por saber que algures nas águas de um lago vivia a sua “alma gémea” . 
Viveu numa eterna paixão e ilusão de saber se algum dia voltaria a visitar o mesmo lago .
Por não ter conseguido encarar a realidade , depois de ter encontrado uma outra que procurara por tempos e terras sem fim, enfiou a cabeça num aquário e fechou os olhos.
Tudo o que via agora era a sua carpa. Nada mais interessava."

Andrea de Albuquerque





4º Texto


"Peguei numa caixa e pus na cabeça, pois ,este mundo é uma desgraça.. comecei a chorar e a caixa transformou-se  num aquário e peixes se criaram para comigo ficar."

Ana Patricia Albuquerque






5º texto

"Tudo não passa de uma ilusão!,
Este círculo não se pode fechar,
É uma falha da razão,
Um erro de imaginação,
Um sonho que não se pode sonhar!


Uma mente não se fecha,
Uma mente não se esgota
Não se esvazia gota a gota
Uma mente não se desleixa,
A mente é uma flecha!


"Fica aqui!"
Dizem-me com palavras doces,
Que mil vezes já as ouvi...
Mas não hei-de ir por aí,
A flecha trespassa os venenos agridoces...

As imagens são um reflexo,
Uma mera luz que teima em circular
Uma representação de um ser complexo,
Um medo que paira no ar,
Um olhar perplexo…

As cores que se misturam
Não são mais que um indício de viagem,
Milhares de pensamentos que se encontram,
Uma etapa da aprendizagem,
Olhares que não nos largam…

Não estamos sós neste espaço vazio,
Um espaço que quer parecer fechado,
Que quer esconder um grande rio,
Um mundo há muito imaginado
Um mundo ainda não acabado,

E estou exposta sem critério,
À mercê do que quiseres pensar,
Livre de qualquer mistério,
A viajar pelo meu império,

perdida onde não podes chegar…"

Rui Alves

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Desafio #1

Miguelanxo Prado -Tarde estancada
O nosso primeiro desafio foi colocado pela Cátia Coelho, recente escritora de livros infantis.

1º Texto


"A mulher acordou. Estava uma tarde nebulada, a qual o céu se perdia entre as próprias nuvens. Também ela se perdera, na noite anterior, entre os lençóis daquele quarto de hotel. Mas não se perdera a si mesma, antes pelo contrário: perdera-se para se voltar a encontrar - um daqueles jogos de escondidas que, por vezes, precisamos de fazer connosco mesmos…
Tinha o corpo nu, descoberto, conforme se tinha encontrado naquelas primeiras horas da madrugada daquele longo sossego. Dirigiu-se à janela e observou o mundo de onde tinha decidido escapar-se por aqueles instantes. Embora estivesse do lado de cá da janela, sentia-se livre, liberta, simplesmente pela sua descoberta.
Na mesa a seu lado estavam as flores, as que aceitara do homem que resolvera rejeitar. O homem que ela não seria capaz de amar antes se amar a si mesma. Não sabia quando nem sequer se o iria voltar a ver, nem sabia quantas noites mais precisaria de passar sozinha naquele hotel. O futuro estava como aquele papel perto das flores: vazio…
Sobre um telhado, um gato pousava, mirando também a cidade. Quem sabe outra alma solta… Talvez este tivesse encontrado também uma resposta, talvez estivesse pronto para descer o telhado e voltar a pisar o chão da cidade onde se perdera e acabara por se encontrar. E talvez ela também o iria fazer, sim – também ela iria voltar a caminhar sobre esse solo... Rumo à sua própria felicidade."

©

Cátia Coelho   -  27.12.2013


2º Texto 
Apesar do dia iluminado lá fora, acordei com uma ligeira sensação de vazio. A minha vida era um vácuo.
Olhei o gato e invejei-o. Toda aquela destreza física, que lhe permite subir e descer, atingir todos aqueles cumes que tanta liberdade lhe dá, seguir
 o instinto e não as convenções criadas por nós que nos tornam prisioneiros. E eu hoje queria isso. Só isso. Liberdade.
Apanhar banhos de sol na minha forma mais pura, aquela com que vim ao Mundo, deliciar-me com o calor aconchegante, e deixar-me possuir pela luz e interioriza-la.
Tudo é uma prisão, desde a jarra que acolhe as plantas, a moldura que prende a pintura, a janela que nos separa do mundo, a cortina que nos tapa a visão. Eu quero tocar coisas, quero sentir a essência verdadeira, cheirar o Mundo, andar com os pés descalços … é isso, andar com os pés descalços. 
©


Andrea Albuquerque - 28.12.2013



3º Texto



Todos nós sabemos que nestes tempos modernos, e com a crise que passamos as mulheres têm de trabalhar, às vezes mais de que os homens.
Esta mulher trabalha num banco na cidade de Évora onde tem um horário muito apertado.
Todas as mulheres tem necessidades, mas esta arranjou um rapaz jovem, muito jovem mesmo ,tinha começado a estudar na universidade. Ela conheceu-o num anúncio de jornal na parte para adultos. Ele prostituía-se para pagar as propinas. Nesse dia estava quente e ela estava de folga, decidiu ligar ao rapaz uma vez mais. Antes de ele chegar tocava-se loucamente soltando gemidos sensuais. O rapaz ao chegar,  perto da porta da casa dela ouvindo-a e ficara entusiasmado. Tocou à campainha, ela veio abrir e notou a excitação dele. Baixou-se e meteu-a na boca.


Ele veio-se de imediato, mas não ficou por ali agarrou nela e lambeu-a fogosamente ate ela explodir numa onda de prazer. Ele foi embora, e ela pôs-se à janela olhando para as ruas de Évora fogosa e suada, relembrado os seus dias de juventude.

Marcos Pereira (novo participante)


4º Texto 

"E ela voltava a esperar, como fazia todos os dias.
Ela esperava pelo seu amante.
Ele vinha sempre.
Vinha para envolve-la nos seus braços, para beija-la apaixonadamente, ama-la.
Sim ele amava-a e desejava-a mais que tudo.
Ele vinha sempre à mesma hora e à mesma hora ele partia.
E ela esperava, perdida nos seus pensamentos.
Mas quando ele ficaria para sempre? Quando ele deixaria de trazer o aroma a outro perfume?
Como ela ansiava por esse dia, o dia que ele seria para sempre seu."


Tânia Silva ( nova participante)