sábado, 11 de janeiro de 2014

Desafio # 3



Magritte - Les amants




1º texto
 "Ele puxou-a.

E um corpo puxado
É alma que se entrega,
Espírito que se rega.

Envolveu-a nos braços.

E um corpo envolvido,
Envolvido e puxado
É consciência cega.

Só se têm.
Não se veem.
Dois corpos nus que se anteveem.

Consciência cega,
Beijo aproximado.
Corpo que se apega,
Rosto embaciado.

Não se veem.
Só se têm.

Só se sentem.
Não se detêm.
Enquanto se contêm.

E beijam…
A lucidez da escuridão de quem os fez.

O rosto mais escondido é aquele que não se mostra
Mas o corpo mais sentido é aquele que em ti se enrosca."


Cátia Coelho





2º texto


Porque precisas de te esconder?
Escondida não te posso amar,
Não posso amar o que não posso ver,
Não posso amar quem não posso tocar…

Esconder não é viver,
Esconder não é amar,
Esconder é fugir,
Esconder é temer,
Escondido não se pode sonhar,
Escondido não se pode sentir...

O teu mundo não pode ser o meu,
Um mundo repleto de inveja e dor...
O mundo assim é assustador…
Mas o meu mundo pode ser o teu…
Um mundo cheio de cor,
Um mundo cheio de amor…

Este é o meu escudo, o meu lar,
E aqui não entra ninguém!
Aqui ninguém me pode magoar!
Somente a quem vem por bem
Eu baixo as defesas e deixo entrar
E de mim não sentirá senão amor também…

Despede-te do mundo exterior,
Despoja-te do veneno e junta-te a mim,
Descobre a força que vive no teu interior,
E o amor vencerá enfim…

Nada nesse mundo é verdade,
Nem tudo o que reluz é ouro,
Nem tudo o que parece realmente o vai ser
Esse mundo não deixa saudade
Façamos do amor o maior tesouro
Mesmo que ninguém nos possa ver...

Rui Alves




3º Texto

Despi-me. Vesti-me. Despi-me. Vesti-me. 
Despi-me do preconceito e vesti-me com aquele que seria o beijo fatal, o beijo da traição, o beijo da vergonha, mas por dentro da alma soava como a perfeição.
Perfeição, oh perfeição
O prazer malicioso de fazer algo que não está certo, que não voltará a acontecer, mas que com certeza a minha boca, a minha alma e o meu corpo voltará a procurar. Com certeza que sim, o furtivo é vida e a vida é furtuita.
Tira o lençol que te embaraça
Mostra, dá um sinal da tua graça,
Mostra a vergonha …..
Que por ela passa
Trai sem pudor, pois só assim serás tu mesma, sem precisares de lençol, sem precisares de te esconder. Finalmente podes deixar de ser fantasma, não te anules. Nós fomos feitos para tirar prazer do mal que instigamos a nós próprios. Investimos durante anos na moral que nos condiciona os atos, para no fim aproveitar-mos com malicia e a desconstruir-mos. Se as leis foram feitas para quebrar, , a moral foi feita para queimar, assim como queima o meu coração cada vez que te vejo em segredo, como bem me sabe o perigo e a incerteza de uma repetição. Oh delicia. 8.01.2014


Andrea de Albuquerque




4º Texto


 Bem que o mundo nos ensino

Nem tudo dura para sempre
O tempo é sempre tempo
Mas o nosso tempo, assim não o era
E assim não o foi

Erramos porque errar é viver
Errar é brincar com o tempo
Ele vem, sopra ao ouvido
Mas nós não o queremos
Não o ouvimos

Mas logo
Cada um, à vez
Caiu no erro de vir ao chamado do outro
De procurar quando já não era procurado
Um erro…
O tempo entrou em nós

O que era leve
Tornou-se um lençol duro
Uma enorme folha de estanho
Que de terrível passagem
Sugou aquilo que era nosso.

Agora 
Os perfis continuam a sê-lo
Mas o toque, de tão gélido 
Transforma-nos em pedras
Sem calor, sem toque, apenas pedras
Pedras, que ainda hoje somos
A história de nós dois.


Elias Nunes






5 comentários:

  1. boa imagem vai dar dor de cabeça :)

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  2. tio Rui , estas um pinga amor vai la vai ahahahhaha Cátia.... bolas... voces os dois vao-se lixar mais o vosso skill, e deixa de ser tarada ta???? (loool)

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  3. Ena, Elias, demorou mas saiu muito bem :) é engraçado estar a conhecer esta faceta tua que não conhecia :)

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  4. Andrea.. isso está potente e indecente :p

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  5. Rui.. mais uma vez, boa poesia... Elias, parabens.. muito sentido.... temos poetas!

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